sábado, 16 de abril de 2011

As 7 melhores séries de TV da História

Há uma frase muito refinada e de sabedoria profunda que diz: "opinião é que nem bunda: todo mundo tem a sua"...pois é, a lista reflete apenas a minha opinião das séries que já assisti. Ainda sim faz-se necessário alguns esclarecimentos. Por ex, não me lembro de ter visto uma febre tão estrondosa quanto Lost - na época, conheci muita gente literalmente viciada. Mas eu nunca vi um episódio de Lost, então não dá para estar na lista, assim como a maioria das séries que existe, porque não as vi. Em quase toda lista de melhores seriados que já se fez em revistas ou jornais americanos, Simpsons sempre aparece em primeiro ou, pelo menos, nos primeiros lugares - do ponto de vista de conteúdo, também apareceria na minha, mas é mais um desenho do que um seriado. Não teve o desafio de escolher atores e estar exposta à atuação (brilhante ou medíocre) que esses atores teriam por cada papel - então também excluí da lista. Um exemplo característico dos critérios da lista é a série "two and a half men" - dificilmente consigo achar um episódio desse seriado ruim. Mas é uma série mais recente, os temas, embora sempre bem explorados, são meio repetitivos - dei importância a uma certa universalidade. Bom, chega de enrolation, em cada seriado eu também tento me lembrar de algum episódio que me marcou muito.

7 - Seinfield
Quem nunca viu esse seriado, se pegar aleatoriamente um episódio para assistir provavelmente achará um tanto sem graça - mudou muito a dinâmica desse tipo de seriado. Mas além de Jerry Seinfield ter sido o precursor de um determinado tipo de humor na televisão americana, conseguiu fazê-lo com muita simplicidade, com temas do cotidiano, com a dinâmica dos personagens que, afinal, eram pessoas muito parecidas com qualquer um que a gente conheça. Quando se conhece um pouco dos personagens, qualquer episódio de Seinfield torna-se engraçadíssimo...lembro-me de um em que o personagem George Constanza está tendo problemas para sair com mulheres, e aí o pessoal acaba tentando ajudá-lo, dando confiança para falar com mulheres nos lugares - é bem engraçado!

6- House
O que começou como um trama apenas em volta de um médico prepotente amalucado conseguiu-se firmar como um seriado de altíssima qualidade, em vários aspectos. Claro, o personagem de Hugh Laurie - e a sua atuação - é 60% da coisa, mas não é só isso; há as discussões médicas, que para quem gosta - e para leigos como eu - parecem bem embasadas; há toda uma discussão, por conta da história dos pacientes ou dos próprios médicos que compõe a equipe de House a cada momento, sobre as verdadeiras razões do comportamento humano. E House pode ser um verdadeiro soco no estômago com suas opiniões e posicionamentos - egoístas, arrogantes, mas nem por isso menos verdadeiros...vários episódios são fantásticos, mas ressalto 2: o episódio onde descobrimos daonde vem o problema da perna dele, e o episódio onde um paciente entra na sala de diagnósticos e dá um tiro no House (claro, ele não morre...).

5- Boston Legal
No Brasil não é dos seriados mais conhecidos - eu mesmo conheci recentemente por indicação de uma pessoa próxima. Mas logo que conheci devorei as 3 primeiras temporadas rapidamente. É o dia a dia de um escritório de advogados em - óbvio - Boston; os julgamentos e as questões jurídicas são pano de fundo para discussão de grandes problemas americanos - as guerras, republicanos x democratas, direitos de expressão, tolerância religiosa etc - e os dramas pessoais dos personagens. Tudo permeado com humor - que as vezes chega a ser pastelão, mas uma vez que você se habitua, passa a ser bem engraçado. Os episódios de final de temporada costumam ser em outras cidades, e são sempre muito bons; fora disso, tem um que Alan Shore e Denny Crane vão pescar que é simplesmente hilário!

4 - Married with Children
Bom, quem não conhece Al Bundy está perdendo a sabedoria de uns dos grandes sábios desse mundo eheheh...para os mais modernos, é o mesmo ator de Modern Family, casado com a cubana. Certamente esse tipo de humor e sátira ao american way of life inspirou depois os Simpsons - produzido pela mesma Fox; essa série de tv talvez tenha sido a primeira a adotar esse tipo de humor ácido e crítico a sociedade americana. Isso tudo a parte, o seriado é muito engraçado! Os atores caíram muito bem nos seus personagens, desde os fillhos do casal Kelly e Bud e até os vizinhos! Bom, faz quase 25 anos que a série foi lançada, então todo o cenário, as imagens, as roupas, está tudo muito diferente de hoje; ainda sim vale muito a pena. São muitos episódios muito bons e não lembro de quase nenhum inteiro, mas aquele que o Bud tem um clube de amigos que são apertadores de seios é de rolar no chão de tanto rir (para homens em especial, mulheres certamente acharão uma bobajada sem fim!)

3- 24 horas
Ok, Jack Bauer é uma mistura de Mcgyver com Capitão Nascimento, e o tema, no final das contas, é aquele ideal republicano - uma guerra americana contra o terrorismo que se utiliza de métodos nada ortodoxos (o fato do seriado ser produzido pela Fox já é algum indicativo...). Mas ainda sim, é do car*!! A proposta totalmente inovadora de fazer um seriado em "tempo real" (cada episódio da temporada de 24 episódios é uma hora em um dia) dá muito certo e não enjôa; também houve inovações nas câmeras, nos enquadramentos (como naquelas montagens onde você vê quatro cenas ao mesmo tempo). Poderia ficar repetitivo e sem graça, mas não fica - os temas se renovam, e quase nunca as coisas dão certo - as pessoas morrem, os terorristas tem sucesso em algumas ações, os bonzinhos nem sempre são bonzinhos e assim por diante - de modo que você não sabe o que esperar, mesmo. Não se discute nada, é a ação pela ação - ainda sim, é muito bom. É difícil apontar um episódio porque cada um é diretamente conectado a história na qual está encaixado, mas o último episódio da primeira temporada é marcante - talvez porque lá você tome a primeira grande porrada e pense "bom, então esse seriado é assim mesmo?" eheheh

2 - Anos incríveis
Esse, então, é indiscritível de bom, para quem gosta de drama. Os caras conseguiram, com uma sensibilidade sem fim, transformar a supostamente ingênua vida de um pré-adolescente no cenário ideal para discussão dos maiores dramas da nossa vida: relacioamento amoroso, familiar, com amigos, medo de rejeição, desejo de agradar etc etc etc. Sem apelar, com recursos simples, ótimas atuações, questões muito complexas são tratadas de forma magistral. É um p* seriado, daqueles que dificilmente consegue se repetir. O episódio que o Kevin vai no escritório do pai deve fazer muito adulto pensar muito - embora eu tenha assistido enquanto ainda estava no colégio...

1- Friends
Não dava para não ser o primeiro da lista..Podia perder para algum outro em algum aspecto específico, mas na soma ganhava de longe! São 10 temporadas de um seriado muito bom, em alto nível (embora as últimas temporadas já estivessem um pouco sem graça), com ótimos roteiros, ótimos personagens, atores que se encaixaram perfeitamente nos seus papéis. É de longe a série que mais assisti - há episódios que sei as falas de cor. E marcou uma época também, uma geração, um certo estilo de ser - embora fosse uma série de comédia, os conflitos que eles viviam podiam ser vividos por qualquer um. Quem não conhece, alugue ou baixe a primeira temporada, mas já aviso - arrume tempo para assistir, aos poucos, todas as outras, pois você vai viciar. Difícil escolher episódios, mas lembro de ter caído no chão de rir da primeira vez que assisti o episódio onde o Joey assume a culpa por uma série de coisas que acontecem para ninguém saber que a Monica e o Chandler estão dormindo juntos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

De quem é o dinheiro público?

Tem uma frase, que já ouvi há muito tempo e mais de uma vez, que diz mais ou menos assim: "Nos países desenvolvidos, o que é público é de todo mundo; nos subdesenvolvidos, o que é público não é de ninguém". Isso se traduz em uma atitude com as coisas públicas: se é de todo mundo, também é meu, então eu cuido, vigio, uso com responsabilidade, assim como faço com todas as outras coisas que são minhas; se não é de ninguém, eu não estou nem aí, e se for usar, uso sem cuidado, sem preocupação, como um saqueamento em uma região abandonada ou num caminhão caído à beira da estrada...

Em que tipo de pensamento geral em relação à coisa pública nos encaixamos no Brasil é desnecessário dizer. Mas isso tem uma repercussão ainda mais trágica quando se trata do dinheiro público. Acho que há uma sensação geral de que aquele dinheiro não é de ninguém, ou é do Estado, governo, como se essas instituições fossem algo que existissem por si mesmas. Por ex, quando nos indignamos com o salário dos deputados, minha sensação é de que existe mais um pensamento na linha de "p*, o cara ganha tudo isso enquanto eu ganho muito menos?" do que algo do tipo "p*, esse dinheiro tá saindo do meu bolso!!".

E uma coisa que, se não é causa, ajuda a manter esse comportamento, é a falta de percepção clara do quanto o imposto pago é dinheiro a menos na sua vida, dinheiro retirado pelo governo do seu bolso que poderia estar sendo usado por você para uma condição melhor de vida. Há pequenas situações onde essa indignação aparece: quem tem carro e paga ipva costuma ficar p* de pagar esse imposto e ver que pouca coisa é feita para melhoria das vias públicas; quem tem apto e paga iptu também sente coisa parecida. Mas é um sentimento nem tão intenso e que atinge apenas uma parcela da população. Uma coisa que poderia ser mais forte para estimular essa sensação é o imposto de renda. Mas pensa só: a população economica ativa brasileira é de 50%. Desse universo, há 10% de desemprego e apenas 50% dos empregados tem emprego formal - que pagam imposto. Dos que ganham salário formal, apenas os que ganhem, digamos, acima de 3 mil, sente efetivamente um volume de dinheiro sendo retirado de si (a isenção do IR vai até 1,5 mil, e alguém que ganha 2,5 mil, por ex, paga menos de 4% de IR sobre a sua renda, pouco para sentir alguma diferença...) - se considerarmos as diversas regiões do Brasil, e vários setores de trabalho, como chão de fábrica, serviço, saúdes, é até conservador estabelecermos que só 50% ganham acima de 3 mil (meu palpite é que é bem menos de 50%). Tudo calculado, pouco mais de 10% da população brasileira conseguem sentir diretamente o efeito do imposto de renda sendo subtraído mensalmente das suas receitas! O maior efeito do imposto na nossas vidas é o preço dos vários itens que consumimos que estão sempre majorados pela carga de impostos que foram incidindo ao longo da cadeia produtiva.

Uma coisa que poderia ajudar é se tívessemos alguma metodologia semelhante aos Estados Unidos: a cada coisa que você compra, você sabe claramente o quanto é o valor do produto e o quanto é o imposto. Em média, pagamos 40% de imposto; imagine que na sua passagem de ônibus, você estivesse sendo sempre lembrado de que dos 3 reais, 1,20 é imposto? Do pf de 8 reais na padoca, 3,20 é imposto? Do aluguel de 1000 reais, 400 reais é imposto? (no caso do aluguel, o imposto não é direto porque provavelmente o valor é cobrado por um particular; mas se entendermos que o custo total da economia está majorado em 40% por causa dos impostos, é de se imaginar que o dono do imóvel poderia cobrar 40% a menos). Acho que a lembrança diária de quanto dinheiro poderia sobrar para você caso os impostos fossem menores seria muito benéfica para que todos sentissem, quando o noticiário da tv anunciasse "deflagrada operação da PF contra corruptos que desviaram x milhões" todo mundo se indignasse e pensasse "FDPs!! tudo na minha vida é bem mais caro para esse bando de fdp me roubar desse jeito???"

O Brasil é um dos países do mundo com a relação custo x benefício para o contribuinte mais injusta. A Suécia tem o nível de tributação parecido com o nosso, mas o sistema educacional, de saúde e de suporte social é infinitamente melhor. A China tem sistemas de educação e saúde públicos piores do que os nossos, em geral, mas pelo menos o cidadão paga menos de 20% de imposto. O Brasil consegue aliar a alta carga tributária Sueca a um padrão chinês de baixa qualidade de serviços. E a gente tá cag* e andando para isso...toda vez que escuto coisas do tipo "governo pensa em criar estatal para cuidar do trem bala" eu só consigo pensar que devemos estar muito anestesiados, pois a indignação geral é um décimo do que deveria ser.