terça-feira, 17 de maio de 2011

Top Chef

Aproveitando a fase de baixa produção bloguística, vou entrar no embalo do texto da Deise sobre o Seriado Top Chef e postar um texto que eu tinha escrito sobre um episódio desde mesmo seriado, mas nunca tinha postado.

* * *

Já escrevi textos aqui inspirados em algum episódio dos seriados que costumo assistir. Dessa vez, o seriado é Top Chef, uma espécie de reality show com chefs de cozinha. Gosto do seriado porque alia coisas de legal de cozinha - os desafios são sempre preparar algum tipo de prato, um menu, uma sobremesa - com os conflitos entre as pessoas característicos de um reality. Pena que não assisto mais porque, além de nem saber o dia e horário que passa, não consegui achar para baixar na internet. Esse episódio que inspirou o texto eu peguei de orelhada - não estava acompanhando a temporada episódio a episódio.

Enfim, ao episódio: é uma etapa das mais conhecidas para quem acompanha o programa, chamada de "restaurant war" - os chefs são divididos em quatro grupos, e cada grupo tem 1 dia para montar um restaurante com menu próprio. Eles tem de pensar num menu simplificado (duas entradas, dois pratos principais etc), uma hora para comprar os ingredientes, três horas para pré-preparar os pratos quando, no final, um grupo de pessoas e os jurados comerão nos 2 restaurantes e farão julgamentos. Como disse, não estava acompanhando a temporada, então minhas impressões são apenas desse episódio. Um dos grupos parecia mais unido, e já tinha ganhado o desafio anterior; as decisões eram tomadas em comum acordo dos participantes, de maneira mais harmoniosa - tudo parecia fluir mais tranquilamente. Já o segundo grupo parecia mais segregado, mas tinha um chef que (pelo que entendi, os jurados consideravam esse jurado um dos melhores participantes) meio que mandava no grupo: discutia todas as sugestões, barrava as que não pareciam fazer muito sentido, tentava coordenar o grupo - claro, à custa da cara feia dos outros chefs e, durante as etapas da competição, até algumas rusgas.
Bom, acontece que o segundo grupo, do chef brigão, ganhou o desafio. Ganhou não, deu um baile, a ponto dos jurados comentarem que o desempenho deles tinha sido o melhor das seis temporadas do programa, enquanto o outro grupo foi criticado em quase todas as decisões - menu, execução de prato, atendimento no salão etc.
A tarefa que os participantes tinham que desempenhar era de extrema pressão, e exigia, entre outras coisas, capacidade de decisões acertadas em curtíssimo prazo (coisa que, parece-me, é bem característica da atividade de Chef). Capacidade de raciocínio rápido, bom senso e eficiência não são habilidades comuns na maioria das pessoas - é para isso que existem líderes, alguém que (supostamente) tenha a capacidade de direcionar o grupo para ações de maior eficiência. Guardadas as devidas proporções, há certas situações que o "bom mocismo", a gentileza, a preocupação excessiva com o sentimento dos outros não se coadunam com o bom resultado prático: o grande cirurgião na emergência não vai pedir ao médico iniciante "por gentileza, você pode fazer esse corte aqui, porque sabe, aqui passa a artéria xpto..."; grandes generais da história, que ganharam grandes batalhas, não deviam discutir minuciosamente seus planos de guerra com muitos subordinados; técnicos de sucesso, como Telê, Felipão, Luxa, Muricy, Mourinho, não são amiguinhos dos jogadores nem pedem "por favor, v. sa. deve acompanhar o volante do outro time até o final, viu...".
Não se trata de pregar a falta de tato com as pessoas, é apenas que, às vezes, não dá para se preocupar tanto com isso. No caso dos chefs, o cara pode ter ferido sentimentos, mas levou o grupo a uma grande vitória e todos se safaram da eliminação. Em empresas, isso acontece também: é comum os "chefes" terem como característica algo que flutue entre "o chefe gente boa mas que não te consegue um aumento", justamente porque os resultados são fracos, e o "chefe meio casca grossa mas que consegue tudo que quer", porque ele dá muito resultado e, consequentemente, tem moral com o povo de cima. Claro, existem pessoas - e eu mesmo já tive chefes assim - que aliam um pouco das duas características, mas é incomum.
Cafuné não enche barriga, e afinal para isso que a gente tem mãe, esposa, namorada...no trabalho, as vezes é mais importante produtividade, eficiência, nem que isso custe um pouco de delicadeza. Não sei se isso é característico do brasileiro, mas sinto que a gente tem a tendência de hipervalorizar o "bonzinho" inepto que, no final das contas, produz muito pouco.

5 comentários:

  1. Acho que é um pouco cultural sim...até essa divisão bem demarcada entre 'bom' e 'mau' fala um pouco sobre a dificuldade que temos em integrar estes dois aspectos da nossa personalidade. Tenho uma amiga casada com europeu que diz que 'eles' são mais diretos, que não ficam com todo cuidado de falar a verdade ou o que se quer que a gente tem, deixam as coisas mais claras.
    Eu tenho tentado equilibrar agressividade e delicadeza. Deixei de considerar a agressividade um monstrinho, afinal, como vc disse no texto, tem horas que é preciso atitude e essa energia vem da nossa porção instintiva de agressividade que pode ser considerada uma energia de vida e conquista, deixando de ser sempre tomada ou usada como grosseria com as pessoas! Beijos.

    ResponderExcluir
  2. acho que tem a ver um pouco sim com essa dificuldade de lidar com agressividade...e com essa dificuldade de integrar o contraditório, de formar uma imagem coerente; mas é sinal de maturidade também saber lidar melhor com isso, não? bjos!!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Sim...com certeza!!! E a maturidade é algo que a gente só compreende qdo adquire...e dá uma sensação tão boa!
    Mas como a gente já chegou a conversar, alguns seres tem dificuldade de amadurecer e precisamos ter comprrensão e carinho apesar disso, respeitar o tempo de cada um é importante e tb sinal de maturidade, eu acho! Bjo!!!

    ResponderExcluir
  5. acho bonito como vcs conversam..até virtualmente...

    bjos

    ResponderExcluir